Busca por tendências aliada ao design thinking é caminho para inovação

R+D_2014_DaniPan-Tasso_8117(1)Não ter medo de errar e analisar o comportamento do consumidor, com auxílio da metodologia, são a chave para criar novos produtos e serviços e conquistar o consumidor

“O maior inimigo de um plano é o sonho de um plano perfeito”, já dizia o estrategista militar prussiano Carl von Clausewitz, ainda no século XIX. Cerca de 200 anos mais tarde, o pensamento não poderia estar mais atual. Hoje, diante da exigência do mercado por constante inovação e agilidade, tornou-se fundamental se dar o direito ao erro. As empresas precisam estar abertas a mudanças durante todo o processo de criação e lançamento, alterando o projeto inicial de acordo com a aceitação e as demandas do público-alvo.

É nesse contexto que o modelo mental do design thinking ganha força e aparece como ferramenta estratégica na busca por inovação. Ele aponta soluções criativas por meio da reunião de uma equipe multidisciplinar capaz de analisar um problema sob diversos ângulos. A utilização deste método permite que o mercado se prepare para oferecer cada vez mais novidades para um consumidor que está mais exigente a cada dia. Um dos pontos estratégicos é levar o consumidor final para o desenvolvimento do projeto, por meio de oficinas criativas ou por pesquisa qualitativa, tentando entender as necessidades, os anseios do público e afastando o hiato de desenvolvimento, que distancia a criação e consumo.

Muitas empresas reconhecidas pela inovação já tiveram o dissabor de não terem suas criações aceitas no mercado, o que exigiu melhorias. “Não é imprescindível ser o primeiro a lançar o produto, mas tem que ser o melhor em inovar. A Apple foi até o fim do processo de desenvolvimento de um produto (o iPhone), colocou-o na prateleira, vendeu e enfrentou problemas de usabilidade e tecnologia, especialmente com a durabilidade das baterias. Mas, mesmo assim, continua como referência”, exemplifica Daniel Pan, Gerente de Design da Crama Design Estratégico, em entrevista ao Mundo do Marketing.

Testes contínuos reduzem riscos
O método do design thinking permite a experimentação durante o processo inicial, minimizando riscos, reduzindo custos e economizando. Mas não são apenas os usuários que ganham destaque, todos os envolvidos na produção e venda do item também participam na metodologia. Essa análise de mercado é fundamental para perceber as necessidades do consumidor e a criação deve ser sempre focada no tripé viabilidade, funcionalidade e desejabilidade. Além de ter uma boa ideia, é preciso saber como ela vai ser usada.

Agregar valor a produtos e proporcionar novas experiências são um caminho que permitem chegar à inovação. Como o desejo é baseado no que já existe, é preciso pensar como o novo produto ou serviço pode revolucionar a vida do usuário, permitindo novas sensações, facilitando o dia a dia ou até mesmo mudando a relação com o que já existia. Um exemplo é o Xbox, videogame produzido pela Microsoft que transformou o segmento, permitindo que usuários pudessem jogar com outros em tempo real pela internet e criando um ambiente mais social.

Outra empresa que mudou a relação do consumidor com o mercado foi a Easy Taxi, ao lançar o aplicativo que chama o motorista. A startup interferiu na relação dos taxistas com as cooperativas – que estão precisando se reinventar para não perder mercado -, ao facilitar a comunicação direta entre o motorista e o passageiro, que apertando um botão da tela do aparelho celular consegue chamar um carro e ainda acompanhar a chegada dele no GPS.

Até conseguir chegar ao sucesso de hoje, no entanto, a empresa precisou convencer os motoristas de que o uso do aplicativo poderia facilitar o trabalho deles. No início, o idealizador do projeto, Tallis Gomes, distribuiu 10 smartphones para que os profissionais apostassem no novo método de chamadas. A iniciativa deu certo e a empresa, fundada em 2012 no Brasil, já está presente em 27 países e 120 cidades.

Identificando tendências
Para conseguir inovar e ter sucesso, é importante conseguir observar para onde as pessoas estão caminhando. A percepção de uma tendência abre caminho para a marca participar de uma mudança de comportamento, permitindo que novos produtos e serviços sejam criados e impulsionando o consumo. Ela não é modismo, mas um movimento social que gera oportunidades. Para se antecipar, a empresa deve ficar de olho nos grupos inovadores, formados por jovens, designers, artistas, celebridades, pessoas influentes, homens homossexuais (por conta da maior preocupação com a estética) e subculturas.

Acompanhar sites, blogs, revistas, iniciativas de crowfunding, startups, exposições, eventos, fornecedores, viajar, perceber o que acontece nas ruas e o que as pessoas estão fazendo são exercícios para quem quer perceber o que o que já está sendo difundido entre a população. Recentemente, por exemplo, o Brasil percebeu a ascensão do MMA, uma subcultura que em pouco tempo ganhou destaque na grande mídia, com programas especiais sobre o tema, difundindo a prática de artes marciais, que, hoje, já pode ser encontrada em quase todas as academias.

Uma das novidades nesta área, o cool hunter é o profissional responsável por antecipar tendências e orientar o caminho do investimento. Entre as ferramentas utilizadas, está a observação da ‘Curva de Difusão da Inovação’, que analisa as pessoas em um determinado período de tempo, levando em consideração os inovadores, influenciadores (primeiros a adotar a novidade), maioria inicial (massa crítica), que compõem a ascensão da curva, e a maioria tardia (os resistentes à inovação) e os retardatários. “A tendência é uma coisa que está acontecendo, é um movimento que pode ser induzido ou espontâneo. É preciso que esteja alcançando um número significativo de pessoas e que gere uma mudança de comportamento” explica Tasso Canedo, Design Thinker da Crama Design Estratégico, em entrevista ao Mundo do Marketing.

Aproveitando oportunidades
Essas oportunidades aparecem com frequência para as empresas. Aproveitando uma delas, a Coca-Cola lançou, em alguns países como o México, Argentina e Chile, a versão Life para alcançar o público preocupado com a saúde e bem-estar. Ao identificar a tendência, a marca alterou a famosa fórmula, como parte de uma tentativa de se posicionar de maneira mais saudável no mercado. O produto promete ser mais natural em relação à versão original, sem ser diet ou light, mas contando com menos calorias por utilizar stévia com açúcar para adoçar o refrigerante. Na Coca-Cola verde, até o tradicional rótulo vermelho foi alterado.

Para tentar encontrar as novas tendências, é preciso estar atento e ser curioso, perceber os movimentos, entender o que a massa está pedindo, o que as pessoas estão fazendo e o motivo disso. É tentar olhar de fora o que está acontecendo na sociedade e contextualizar para criar estratégias de ação para aproveitar o nicho de mercado.

Fonte: Mundo Do Marketing

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