
Entretanto, apesar do grande número de estabelecimentos e do crescente aumento das pessoas que procuram pelas práticas de atividades físicas, apenas 4% da população do país frequenta esses tipos de espaços. Os valores chamaram a atenção de empresários e de instituições que estão ligadas ao trade, mobilizando-as para traçar estratégias de desenvolvimento do segmento.
Nessa quarta-feira (24), empresários do ramo de academias, personal trainers e donos de lojas de produtos saudáveis estiveram reunidos, na sede do Sebrae em Alagoas, para discutir ações e estratégias de fomento que servirão de base para a criação de um projeto de gestão empresarial voltado para a atividade.
O consultor do Sebrae em Alagoas César Araújo apresentou, na oportunidade, uma breve coletânea de informações sobre a atividade das academias, e destacou que o Brasil está entre os países do mundo que mais empreendem.
“O Sebrae divulgou um relatório em 2012 sobre empreendedorismo que aponta o Brasil como o terceiro país que mais empreende no mundo. Em segundo lugar, está os Estados Unidos e, em primeiro, a China. A cada quatro brasileiros, um é empreendedor. Essas informações mostram o potencial que temos para o empreendedorismo, e que o segmento das academias é um ‘campo fértil’ para investir”, pontuou o consultor.
Ele disse, também, que geralmente as academias são geridas por técnicos ou pessoas com formação acadêmica de educador físico. Porém, o ideal seria que essa gestão fosse feita por profissionais da área administrativa ou que tivessem alguma capacitação em gestão de negócios.
“Isso é o que acontece na maioria das empresas, principalmente nas pequenas. O profissional que gerencia o negócio não está capacitado para essa função, e isso dificulta muitas vezes o crescimento da empresa, porque o técnico não tem a visão ampla de um gestor, e, aí, pontos importantes como o marketing, o relacionamento com o cliente e até a gestão de pessoal ficam comprometidos”, esclareceu César Araújo.
Novo projeto
Sandra Torres, gerente da Unidade de Comércio e Serviços (UCS) do Sebrae em Alagoas, falou sobre a construção do projeto que deverá atender aos donos de academias. “Queremos trabalhar com os empresários a ideia do coletivo. Fomentar o fortalecimento do segmento de academias, criando um ambiente favorável ao desenvolvimento, com foco nas empresas de menor porte”, afirmou.
Outro objetivo importante ressaltado pela gerente é a formação do empresário como profissional da gestão de negócios, preparando-o para gerir qualquer empreendimento que, futuramente, ele pense em iniciar.
“A nossa pretensão é trabalhar o grupo que está sendo formado hoje por pelo menos dois anos, oferecendo todas as soluções de que o Sebrae dispõe, como cursos e consultorias. Observar também as necessidades de cada empresa e como ela se comporta no mercado”, completou Sandra Torres.
Amanda Pinto, analista da Unidade de Comércio e Serviços do Sebrae em Alagoas, expôs as ações do projeto ao grupo. “Serão realizadas reuniões mensais, acompanhadas pela consultora Socorro Casado, e haverá oferta de cursos e consultorias nas mais diversas áreas, que possivelmente culminará na formação de uma central de negócios; isso a depender, é claro, da maturidade empresarial do grupo”, disse.
Entretanto, a analista avisa que será realizado, primeiramente, um diagnóstico empresarial em cada estabelecimento que adentrar ao projeto, para identificar os entraves, problemas ou necessidades que precisem ser resolvidas.
“Todos receberão o nosso feedback sobre a situação da empresa sob a ótica da gestão, através de relatório. Em outros estados, o Sebrae já trabalha com projetos focados nesse público, mas, agora, Alagoas entrará no circuito”, conclui Amanda Pinto.
Participação ativa
O grupo de empresários participou ativamente do encontro, que foi marcado por uma rica troca de experiências, a exemplo do personal trainer Rafael Casado, que alertou para a necessidade da academia tornar-se um espaço, também, de lazer e entretenimento, oferecendo aos clientes serviços mais diferenciados e um visual mais agradável.
“Muitas pessoas deixam de ir à academia porque não gostam do ambiente, e acabam por optar pela atividade em espaços abertos”, disse Casado.
Ele conta, ainda, que como coordenador de atividades em uma academia de Maceió por dois anos, teve a oportunidade de viajar e participar de congressos e eventos em outros estados que já discutiam sobre a necessidade de melhorar a gestão e inovar na oferta de serviços.
“Os estabelecimentos do Sul e do Sudeste, por exemplo, já tinham esse tipo de orientação e acompanhamento. Por lá, já é observado que uma boa gestão empresarial faz a diferença no sucesso do negócio”, afirmou Rafael Casado.
Para Amandio Geraldes, professor doutor em Ciência do Desporto pela Universidade do Porto, de Portugal/Universidade de São Paulo (USP) e sócio em uma das academias de Maceió, no Brasil, ainda não há um modelo de academias, por isso, a gestão aplicada a uma determinada academia não é ideal para aplicar em outra.
“Digo isso porque atuei nesse segmento por mais de 40 anos. Precisamos parar de copiar o modelo americano. Em Alagoas, muitos estabelecimentos tiveram que se desfazer desse tipo de modelo para conseguirem sobreviver”, disse Geraldes, referindo-se ao modelo Fitness que se instalou em diversos países nas décadas de 80 e 90, com muitas máquinas de ginástica e pesos para alcançar os resultados de um corpo perfeito.
André Viena, coordenador da academia Stylo Fitness, reforçou a fala do empresário, dizendo que, hoje, o modelo mais aplicado é o do Bem Estar, ou Wellness. “É uma prática que busca na atividade física maior qualidade de vida, além de melhoras na saúde, seguindo os padrões sugeridos pelos médicos”, destacou.
A reunião foi encerrada já com o próximo encontro marcado para o dia 22 de outubro, às 10h, na sede do Sebrae em Alagoas, para dar início a um plano de ação para o projeto.
Fonte: Primeira Edição