No Brasil, as pessoas estão comendo cada vez mais fora de casa. A indústria da alimentação que inclui padarias, bares e restaurantes movimentou 262 bilhões de reais em 2013, 55% mais do que em 2010. É uma expansão considerável. Porém, não chega a ser surpreendente — a cada ano, o setor cresce pelo menos 10%.
A novidade é a recente demanda por comida de rua encontrada em carrinhos e restaurantes sobre rodas, conhecidos como food trucks. Segundo uma pesquisa da consultoria britânica Mintel, mais da metade dos brasileiros optou por esse tipo de alimentação pelo menos uma vez neste ano. “Há uma demanda por conveniência, comida de qualidade e preços acessíveis”, diz Naira Sato, analista sênior da Mintel.
Os food trucks, que começaram a circular pelas cidades brasileiras recentemente, são uma versão moderna dos antigos caminhões de caldo de cana, das Kombis de pastel e das vans de cachorro-quente. Em versões charmosas e descoladas, os veículos são pilotados por chefs e estacionam em áreas com boa infraestrutura.
O movimento começou em São Paulo, onde a lei que regulamenta a atividade foi aprovada em maio deste ano. Em outras capitais, como Belo Horizonte e Porto Alegre, a legislação deve sair do papel em breve. Já existem até feirinhas gastronômicas que juntam vários furgões num mesmo espaço. Em São Paulo, esses eventos recebem 20?000 pessoas por semana.
A variedade gastronômica chama a atenção. Alguns food trucks preparam refeições criativas, com ingredientes como geleia de manga e espuma de caramelo. Outros são especializados em comidas étnicas, como a mexicana e a japonesa. Os pratos, em geral, não custam mais de 25 reais.
Nos Estados Unidos, onde esse mercado existe há mais tempo, os negócios de refeições servidas em veículos itinerantes faturaram quase 700 milhões de dólares em 2013. No Brasil, estima-se que as receitas serão de 50 milhões de reais neste ano. “Os primeiros estudos indicam que o setor deve passar por uma fase de grande expansão no país”, afirma Naira. “O público é crescente.”
Como qualquer negócio, o setor de food trucks apresenta desafios. O maior deles é conseguir ganhar escala. Aumentar a produção é algo que demanda investimentos, especialmente para ampliar a cozinha industrial que serve de base operacional para a maioria dos restaurantes sobre rodas. As condições climáticas também podem interferir nas vendas — quando chove, pouca gente sai à rua.
As vantagens, no entanto, podem compensar os pontos negativos. Os custos são relativamente baixos, porque o número de funcionários é enxuto e não há gastos com o aluguel de uma sede fixa, por exemplo. Além disso, há poucos itens no cardápio, o que facilita a operação. A seguir, conheça a história de cinco empresas emergentes que estão aproveitando o interesse dos consumidores pela gastronomia de rua.
Fonte: Exame