Empresários de academias reúnem-se para discutir ações de novo projeto

0,,46284191,00O Brasil é o segundo país do mundo com o maior número de academias de ginástica. Ao todo, existem cerca de 30.700 empresas. Os Estados Unidos estão em primeiro lugar com, aproximadamente, 32 mil unidades. Os dados foram divulgados este ano pela International Health, Racquet & Sportsclub Association (IHRSA) Global Report – uma associação comercial sem fins lucrativos que representa academias, clubes esportivos, SPAs, centros de saúde, fornecedores de equipamentos e serviços em nível mundial.
Entretanto, apesar do grande número de estabelecimentos e do crescente aumento das pessoas que procuram pelas práticas de atividades físicas, apenas 4% da população do país frequenta esses tipos de espaços. Os valores chamaram a atenção de empresários e de instituições que estão ligadas ao trade, mobilizando-as para traçar estratégias de desenvolvimento do segmento.
Nessa quarta-feira (24), empresários do ramo de academias, personal trainers e donos de lojas de produtos saudáveis estiveram reunidos, na sede do Sebrae em Alagoas, para discutir ações e estratégias de fomento que servirão de base para a criação de um projeto de gestão empresarial voltado para a atividade.
O consultor do Sebrae em Alagoas César Araújo apresentou, na oportunidade, uma breve coletânea de informações sobre a atividade das academias, e destacou que o Brasil está entre os países do mundo que mais empreendem.
“O Sebrae divulgou um relatório em 2012 sobre empreendedorismo que aponta o Brasil como o terceiro país que mais empreende no mundo. Em segundo lugar, está os Estados Unidos e, em primeiro, a China. A cada quatro brasileiros, um é empreendedor. Essas informações mostram o potencial que temos para o empreendedorismo, e que o segmento das academias é um ‘campo fértil’ para investir”, pontuou o consultor.
Ele disse, também, que geralmente as academias são geridas por técnicos ou pessoas com formação acadêmica de educador físico. Porém, o ideal seria que essa gestão fosse feita por profissionais da área administrativa ou que tivessem alguma capacitação em gestão de negócios.
“Isso é o que acontece na maioria das empresas, principalmente nas pequenas. O profissional que gerencia o negócio não está capacitado para essa função, e isso dificulta muitas vezes o crescimento da empresa, porque o técnico não tem a visão ampla de um gestor, e, aí, pontos importantes como o marketing, o relacionamento com o cliente e até a gestão de pessoal ficam comprometidos”, esclareceu César Araújo.
Novo projeto
Sandra Torres, gerente da Unidade de Comércio e Serviços (UCS) do Sebrae em Alagoas, falou sobre a construção do projeto que deverá atender aos donos de academias. “Queremos trabalhar com os empresários a ideia do coletivo. Fomentar o fortalecimento do segmento de academias, criando um ambiente favorável ao desenvolvimento, com foco nas empresas de menor porte”, afirmou.
Outro objetivo importante ressaltado pela gerente é a formação do empresário como profissional da gestão de negócios, preparando-o para gerir qualquer empreendimento que, futuramente, ele pense em iniciar.
“A nossa pretensão é trabalhar o grupo que está sendo formado hoje por pelo menos dois anos, oferecendo todas as soluções de que o Sebrae dispõe, como cursos e consultorias. Observar também as necessidades de cada empresa e como ela se comporta no mercado”, completou Sandra Torres.
Amanda Pinto, analista da Unidade de Comércio e Serviços do Sebrae em Alagoas, expôs as ações do projeto ao grupo. “Serão realizadas reuniões mensais, acompanhadas pela consultora Socorro Casado, e haverá oferta de cursos e consultorias nas mais diversas áreas, que possivelmente culminará na formação de uma central de negócios; isso a depender, é claro, da maturidade empresarial do grupo”, disse.
Entretanto, a analista avisa que será realizado, primeiramente, um diagnóstico empresarial em cada estabelecimento que adentrar ao projeto, para identificar os entraves, problemas ou necessidades que precisem ser resolvidas.
“Todos receberão o nosso feedback sobre a situação da empresa sob a ótica da gestão, através de relatório. Em outros estados, o Sebrae já trabalha com projetos focados nesse público, mas, agora, Alagoas entrará no circuito”, conclui Amanda Pinto.
Participação ativa
O grupo de empresários participou ativamente do encontro, que foi marcado por uma rica troca de experiências, a exemplo do personal trainer Rafael Casado, que alertou para a necessidade da academia tornar-se um espaço, também, de lazer e entretenimento, oferecendo aos clientes serviços mais diferenciados e um visual mais agradável.
“Muitas pessoas deixam de ir à academia porque não gostam do ambiente, e acabam por optar pela atividade em espaços abertos”, disse Casado.
Ele conta, ainda, que como coordenador de atividades em uma academia de Maceió por dois anos, teve a oportunidade de viajar e participar de congressos e eventos em outros estados que já discutiam sobre a necessidade de melhorar a gestão e inovar na oferta de serviços.
“Os estabelecimentos do Sul e do Sudeste, por exemplo, já tinham esse tipo de orientação e acompanhamento. Por lá, já é observado que uma boa gestão empresarial faz a diferença no sucesso do negócio”, afirmou Rafael Casado.
Para Amandio Geraldes, professor doutor em Ciência do Desporto pela Universidade do Porto, de Portugal/Universidade de São Paulo (USP) e sócio em uma das academias de Maceió, no Brasil, ainda não há um modelo de academias, por isso, a gestão aplicada a uma determinada academia não é ideal para aplicar em outra.
“Digo isso porque atuei nesse segmento por mais de 40 anos. Precisamos parar de copiar o modelo americano. Em Alagoas, muitos estabelecimentos tiveram que se desfazer desse tipo de modelo para conseguirem sobreviver”, disse Geraldes, referindo-se ao modelo Fitness que se instalou em diversos países nas décadas de 80 e 90, com muitas máquinas de ginástica e pesos para alcançar os resultados de um corpo perfeito.
André Viena, coordenador da academia Stylo Fitness, reforçou a fala do empresário, dizendo que, hoje, o modelo mais aplicado é o do Bem Estar, ou Wellness. “É uma prática que busca na atividade física maior qualidade de vida, além de melhoras na saúde, seguindo os padrões sugeridos pelos médicos”, destacou.
A reunião foi encerrada já com o próximo encontro marcado para o dia 22 de outubro, às 10h, na sede do Sebrae em Alagoas, para dar início a um plano de ação para o projeto.
Fonte: Primeira Edição

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