“Faltam estudos sobre mulheres empreendedoras na América Latina”

mulher-empreendedoraPara pesquisadora, associações precisam investir em pesquisas que mostrem o impacto econômico dos negócios liderados por mulheres

Todos os dias, as empreendedoras da América Latina enfrentam um cenário bastante adverso. O acesso das mulheres ao crédito é mais restrito do que aos homens na região; a presença feminina em algumas áreas é escassa e discriminada; e, em muitos casos, a família e os companheiros não mostram apoio. O primeiro passo para mudar esse cenário? Produzir pesquisas.

É o que defende a colombiana Elsie  Echeverri-Carroll, pesquisadora da Universidade do Texas (EUA) e uma das maiores especialistas sobre o empreendedorismo feminino na América Latina. Depois de 20 anos estudando o tema, ela aponta que a falta de dados que mostrem a relevância das empresas comandadas por mulheres é um dos principais desafios que precisam ser superados na região. “Números são o holofote que as empreendedoras precisam para chamar a atenção do governo e das grandes corporações para a causa”, diz.

Segundo Elsie, as americanas conquistaram grandes vitórias dessa maneira. “Recentemente, uma das mais importantes associações de empreendedoras divulgou um estudo que mostra que as donas de empresas empregam cerca de 30% da mão de obra de todo o país. O governo passou a olhá-las com outros olhos a partir daí”, afirma Elsie. “Nos EUA, existe uma secretaria específica que defende causas das mulheres empresárias, existe uma legislação que as protege. Isso e algo que não vemos na Argentina ou no Brasil”.

O argumento da pesquisadora está alinhado com uma pesquisa divulgada recentemente pela fabricante de computadores Dell, que mostra os EUA como o melhor país para empreendedoras. Na América Latina, o Chile é o melhor colocado, com a sexta posição. O Brasil aparece na vigésima posição, atrás da Tailândia e do Panamá. O índice avaliou desde o ambiente econômico das nações até o perfil empreendedor da população.

Par Elsie, o que explica a baixa colocação da maior parte dos países latinos-americanos é justamente a ausência de estudos que empoderem as empreendedoras. “Eu percebo que existem muitas associações de empreendedoras em toda a região. Mas a maior parte delas foca na formação de networking e não em medidas práticas que possam dar força a essas mulheres em âmbito governamental”, afirma. “Sem esses números e sem esses dados, é muito difícil existir progresso para a causa”.

Fonte: Revista PEGN

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